As Estrias – Uma Lesão Inestética
A pele é um mundo complexo e, quando não possui elasticidade suficiente para acompanhar certos processos de transformação corporal, pode desencadear o aparecimento de estrias.
O que são estrias?
As estrias, de uma forma simples, descrevem-se como um desequilíbrio tecidular que origina uma rutura das fibras elásticas, localizada na segunda camada da pele, a derme. São caracterizadas, por alguns autores, como cicatrizes. Outros apenas as consideram como atrofia. Clinicamente, as estrias recém-formadas aparecem como lesões lineares de cor rosa ou roxa, sem depressão substancial da pele. Com o tempo, estas lesões perdem a sua pigmentação, tornando-se deprimidas, atróficas e brancas (striae alba). Os locais mais frequentemente afetados são as mamas, antebraços, abdómen, nádegas, coxas e região lombar. Há evidências que mostram que o seu aparecimento seja multifatorial, não somente devido a fatores mecânicos, hormonais e endocrinológicos, mas também predisposição genética e familiar.
Três teorias para justificar a origem das estrias
Existem três teorias que tentam justificar a etiologia das estrias, entre elas:
- Teoria mecânica: ocorre quando a pele é acometida por um estiramento, rutura ou perda das suas fibras elásticas dérmicas, sem motivo aparente, como nos casos de obesidade. Acredita-se que uma excessiva deposição de gordura no tecido adiposo, especialmente a que ocorre repentinamente, seja a principal determinante de aparecimento das estrias. Gravidez, puberdade, atividade física vigorosa e crescimento rápido são outros exemplos.
- Teoria endocrinológica: com a utilização de terapêuticas como corticoides, anabolizantes, distúrbios nutricionais bioquímicos, distúrbios hormonais, latrogenia, entre outros.
- Teoria infecciosa: em jovens, após febre tifóide, reumática e outras infeções hepatopatias crónicas, hepatite crónica, síndrome de Marfan, pdeuxantoma elástico e síndrome de buscheke-Ollendorf. Estas alterações histológicas são completamente diferentes e não podem ser comparadas com nenhuma outra lesão dérmica, caracterizando-se como uma lesão dérmica inestética. Apresenta-se, geralmente, perpendicularmente às fendas da pele e dispõe-se paralelamente em relação às outras estrias. Tendem a distribuir-se simetricamente em ambos os lados do hemicorpo, apresentando um carácter de bilateralidade.
As estrias encontram-se em ambos os sexos, porém, são mais comuns nas mulheres (55% a 65%) do que nos homens (15% a 20%) e podem ser mais comuns em certas etnias. A prevalência de estrias associadas à gravidez incide após o terceiro trimestre. São também conhecidas como strieae gravidarum e variam de 50% a 90%. Durante a gravidez, as estrias são mais comuns em mulheres mais jovens do que em mulheres mais velhas. Na puberdade, a prevalência varia de 6% a 86%. Na obesidade, a prevalência descrita é de 43%.
A estria é descrita, na maior parte da literatura, como uma lesão irreversível.
Essa irreversibilidade está fundamentada em exames histológicos, que mostram redução no número e volume dos elementos da pele, rompimento de fibras elásticas, pele delgada e redução da espessura da derme, com fibras de colagénio separadas entre si. A limitação do tratamento das estrias está no facto de não existirem, ainda, guidelines exatas do melhor tratamento, pois a resposta ao tratamento está diretamente ligada com as características da pele estriada e da pessoa na sua globalidade. As estrias são tema da minha tese de doutoramento e considero que na nossa prática clínica temos alcançado resultados excelentes, de muita melhoria.
Que soluções existem para tirar as estrias?
Infelizmente ainda não existe uma borracha mágica que “apague” rapidamente as lesões. No entanto, os procedimentos e fundamentos aliados à saúde estética surgem, cada vez mais, como uma abordagem coerente, podendo proporcionar resultados eficazes e compensadores para a pessoa e para a sua pele. Assim, torna-se imperativo um correto e exaustivo diagnóstico, a delineação de metas realistas, bem como a aplicação de técnicas e tecnologias avançadas, fundamentadas em bases clínicas e científicas. O que parecia impossível de tratar até há pouco tempo já é possível, mas claro com conhecimentos e rigor clínico.
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